O escritor português José Saramago, ganhador do Prêmio Nobel de Literatura em 1998, está a caminho do Brasil. Ele vai ser homenageado na Academia Brasileira de Letras no dia 26, às 17h30, e, no dia seguinte, irá lançar seu último livro, "A Viagem do Elefante", no Sesc Pinheiros, em São Paulo. Pelo que entendi nas notícias que li, Saramago não estará presente na homenagem, apenas no lançamento. Acho muito interessante o fate dele ter escolhido o Brasil para o lançamento mundial do livro, mas é uma pena que não tenha escolhido o Rio. Confesso que eu ficaria horas numa imensa fila só pra ver Saramago de perto por alguns segundos e, é claro, pegar um autógrafo do melhor escritor em língua portuguesa de todos os tempos. Bem, pode ser que eu paroveitasse pra perguntar o que ele achou desse acordo linguístico complicado...
De qualquer forma, dá uma clicada AQUI pra ler o que ele escreveu no blog sobre a viagem. É bem legal. Aliás, "O Caderno de Saramago" é o máximo!
Sobre o Livro:
Clique na capa do livro para ler um trecho.
Não é todo dia que aparece um elefante em nossa vida, muito menos chamado Salomão. Pois é este formoso e meigo paquiderme, nascido em Goa, transportado pelos mares a Portugal no século XVI, o herói da viagem que aqui se conta.
"Por muito incongruente que possa parecer...", assim começa o novo romance - ou conto, como ele prefere chamá-lo - de José Saramago, sobre a insólita viagem de um elefante chamado Salomão, que no século XVI cruzou metade da Europa, de Lisboa a Viena, por extravagâncias de um rei e um arquiduque. O episódio é verdadeiro. Dom João III, rei de Portugal e Algarves, casado com dona Catarina d'Áustria, resolveu numa bela noite de 1551 oferecer ao arquiduque austríaco Maximiliano II, genro do imperador Carlos Quinto, nada menos que um elefante. O animal viera de Goa junto com seu tratador, algum tempo antes. De início, o exotismo de um paquiderme de três metros de altura e pesando quatro toneladas, bebendo diariamente duzentos litros de água e outros tantos quilos de forragem, deslumbrara os portugueses, mas agora Salomão não passava de um elefante fedorento e sujo, mantido num cercado nos arredores de Lisboa. Até que surge a idéia mirabolante de presenteá-lo ao arquiduque, então regente da Espanha e morando no palácio do sogro em Valladolid.
Esse fato histórico é o ponto de partida para José Saramago criar, com sua prodigiosa imaginação, uma ficção em que se encontram pelos caminhos da Europa personagens reais de sangue azul, chefes de exército que quase chegam às vias de fato, padres que querem exorcizar Salomão ou lhe pedir um milagre. Depois de percorrer Portugal, Espanha e Itália, a caravana chega aos estreitos desfiladeiros dos Alpes, que Salomão enfrenta impávido.
"A Viagem do Elefante", primeiro livro de José Saramago depois do relato autobiográfico Pequenas memórias (2006), é uma idéia que ele elaborava há mais de dez anos, desde que, numa viagem a Salzburgo, na Áustria, entrou por acaso num restaurante chamado O Elefante. Com sua finíssima ironia e muito humor, sua prosa que destila poesia, Saramago reconstrói essa epopéia de fundo histórico e dela se vale para fazer considerações sobre a natureza humana e, também, elefantina. Impelido a cruzar meia Europa por conta dos caprichos de um rei e de um arquiduque, Salomão não decepcionou as cabeças coroadas. Prova de que, remata o autor, sempre se chega aonde se tem de chegar.